segunda-feira, 19 de setembro de 2011

tarefas do dia

faço o seu arroz, mamãe, o seu bife, o seu bolo, sirvo os filhos. e agora, me mato, mamãe? mas antes, claro,compro leite, aque numa casa não deve faltar, então os sirvo de leite,mamãe, um copo bem cheio para cada um. como sylvia plath, mamãe. depois ligou o gás da cozinha e se foi. ou ana césar, mamãe. ela eu não sei como foi. conhece virginia woolf, mamãe? as horas ou mrs dalloway, leu? e todas elas se foram assim, poços de sensibilidade aguda antes pelo menos deixaram algo a mais, além dos filhos, mamãe. clarice lispector era pesada para mamãe, piano ela não me ensinou, tricô, nem pensar, dirigir, claro que não, casar, obrigação, filhos, lógico cuidar.bolos sim, você pode ir batendo as claras em neve. o resto eu aprendi sozinha, não havia lugar para mim. viver pode pesar demais,enfim. e morrer deve ser leve e lindo.

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