Mancha carmim menstruando o papel, enrugando e amolecendo a folha fina e translucida.
Reação de vegetal, qual esponja umedecida.
A laranja vagina aberta e estraçalhada no prato.
Na minha lista de compras não faltam pepinos e cenouras, sempre me faltam esses ingredientes.
Viver no aquário.
Um gesto esfaqueando o corpo. O sangue jorra. Tão simples.
Tá, lá vou eu, bom vou tentar juro que vou agora e é pra já, jogarei todos os meus outros planos de vida nunca realizados pra longe e gritarei aos quatro ventos: ser artista!
A morte. Tentar é diminuir o passo e eu prefiro o impulso ao medo. Prefiro atacar que ser ferida, quem não? Tenho pensamento desordenados caóticos e ao mesmo tempo excessivamente lógicos e arbitrários. Tudo aqui não faz sentido algum.
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2 comentários:
ciência. Eu gosto. E quem não? Quanto conforto ela nos proporciona. Incluíndo a conversa distante. Quanta disciplina e diligência ela exige. Quanto esforço de quem se envolve. Para mim, simples curioso, me toma noites inteiras. Mas o que ela é, se não uma tradução? Tanta abstração traduzida na palavra maldita: arte.
Encanta o cientista e desencanta o artista. É isso?
Lindas imagens, despidas de conteúdo artistico (será mesmo?) gravitam pela realidade: sóis, explosões estrelares, imagens de satélites, vórtices de dna, volumes de cores em células polimorfas, paisagens sonoras do ruído de raios eletromagnéticos traduzidos para os nossos possíveis decibéis. Cores que não existem são traduzidas pelo artista-engenheiro em posters multi coloridos que vendem carros novos. Tabelas de alguns centimetros, com pequenas escalas de espectros de radiação, são convertidos nas mais escaldantes visões de garotinhos que gostam de ficção-científica. (mais distante do conteúdo artistico...) Esses tradutores, que fazem de progressões numéricas complexas, aqueles belos desenhos da teoria do caos, ou, de forma mais antiga - porém já "devidamente reconhecido em seu mérito" - como fazer de erros de perspectivas aquelas coisas do Echer... fazem ciência como arte, ou arte como ciência. Quando pergutaram para Einstein porque ele não abandonou sua teoria, pois era mais ou menos absurda, respondeu: "por quê é bonita". Não quer fazer arte, ou está em dúvida sobre o que ela é? ok, não faça. Os cientistas estão fazendo.
Quem está satisfeito com o que faz? Com o quê (e com quem) tem.
Não quero dizer que seu trabalho é mais "chique" que o meu; mas o meu não é lá grande coisa. Nem lhe conto (por outro lado, não conheço sua arte!).
A tal da arte, que lendo seu diário, mais parece que lhe atormenta do que ajuda, me ajuda.
organiza minha mesa bagunçada. Meu quintal descuidado, onde a era já está tapanda a entrada, fica bonito. Arte organiza o meu quintal.
Talvez meu quintal, infestado de ciência, esteja vazio de conteúdo artistico. Se assim você achar, azar o meu: um homem sem conteúdo humano tem uma arte sem conteúdo artístico.
Isso é um comentário ao seu texto. Nem te conheço. Mas, se conheço, você quiz escrever o contrário de como eu o li.
Escrever para outro é escancarar nosso sexo como sua laranja, ou revelar nossa lista de compras. Arte como escrita é tão cruel como a outra, como outra qualquer.
ps: seu diário-separação é o melhor biscoito-triste da internet
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