nossa filho, olha o que eu achei aqui! ele olha para o papelzinho branco com uma seta indicando a direção de baixo, legal, ele pareceu feliz com aquilo que parecia ser uma indicacão de onde sua mãe havia escondido os ovinhos...mas mãe,o coelhinho não escreve com lápis colorido que tem aqui em casa! então diante dessa argumento tão claro que mais poderiamos fazer que rir juntos?
tá bom, tá bom, o bilhete fui eu, mas os ovos estão lá embaixo e não fui eu que ...e no jardim, ele que não encontra os ovos sozinho, ajudo com a brincadeira do quente frio, mas parecemos sem vontade, eu porque sabia que não havia comprado o ovo que depois de ter já gastado uma nota, ouví dele que queria aquele ovo de kinder ovo gigante, que eu insisti em não comprar com mil justificativas...e ele que ansioso estava com a expectativa de encontrar aquilo que havia me pedido. Então entendí que em alguns momentos somos nós adultos que alimentamos a esperança na criança que somos e que em retorno vamos nutrindo ( ou não, quando deixamos as mazelas de nossas vidas abarcarem a esperança de ainda assim ser feliz) outros seres crianças que nos aguardam, que da gente dependem ou enfim, o que sei é que de alguma forma tive sentiments mesquinhos e com isso me fiz infeliz e repassei essa dose de tortura para uma criança tão pequena ainda. Quando então me dei conta, e então tentando reaver o buraco, me sento ao seu lado, que é quando o vejo com os olhinhos cheios de lágrima dizendo, ah todo mundo sabe que são os pais que compram os ovos, e que escondem, e eu queria tanto um kinder ovo... e só quando eu o lembro de que uma vez ele já havia ganho aquele ovo grande do seu pai ( então assumo ) o havia dado, parece que algo se recupera alí dentro. ele me olha, e pergunta é mesmo? sorrindo ...para depois um pouco aliviados dividimos o ovo que o irmão me deu de presente, comprado com a sua mesada, e ficamos muito felizes e tristes ao mesmo tempo. pois assim são as famílias separadas, metade sem o pai metade sem a mãe, enquanto sabemos que é aniversário do pai, que não fala com esta mãe que aqui está ele que agora passeia com a sua nova mulher em algum lugar da itália, a bologna que o filho descreve porque é também o nome do prédio em que mmoram, ele que mal fala português sabe como se escreve bologna, com g e tudo. E fecha. E parece que a criança que eu fui, educada a procurar ovos em meio aos jardins de uma fazenda de infância e que acreditava na surpresa e no mistério durou um pouco mais .E me lembro de quando a páscoa deixou de existir daquela maneira e quem sabe agora me desculpem os descrentes mas então são precisos os valores muito mais abstratos e vitais como a fé e que talvez recuperem a crença na magia da infância e que tornava tão poderoso o mundo real(e aqui faço um parêntesis, enoooorem,eu às vésperas de completar 43 anos penso ainda em como até ontem ou agora a pouco ...achava que teria essa infância para sempre, e que também a fazenda dos irmãos e pais reunidos (ou isolados), não importa, era um contexto que nos abrigava e seria para sempre. Então vamos crescendo e aprendendo que nada é bem assim, e as decepções e quedas e novos parâmetros para se levantar, mas ah como é difícil crescer sem a grandeza da infância, sem as perspectivas maiores, sem as esperanças amorosas e então eu descubro que não posso mesmo seguir assim, que se não posso recuperar fazendas e bens posso ter bens maiores, como são para a realização da vida amigos e uma grandeza no coração, que isso nunca sai da categoria de bens essenciais para uma vida saudável. E ontem mesmo no teatro e alí na arte, sei que posso trazer esta infância generosa que tive para a vida minha e dos outros, assim como outros me trazem de volta a vida que é agora.) deve ser o inferno astral.
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