terça-feira, 27 de outubro de 2009

um conto

isto aqui é uma tentativa de fazer um conto. e lá vai. hoje passei em branco por algumas coisas, bem interessante a experiência. conseguí esperar quase uma hora para o início de uma conversa com dois escritores na faculdade de letras, me dando conta de que entre coisas interessantes que eu provavelmente ouviria da tal escritora, que era a beatriz bracher, eu estava na verdade alí fazendo uma hora enquanto 99% das pessoas alí eram estudantes da própria faculdade e que alí estavam como parte do cumprimento das suas funções de alunos e que eu, ilustre desconhecida e no alto dos meus quarenta anos, estava alí porque quero saber como é que se vira escritora e saí dalí como que triste porque sabia que a minha curiosidade dessa vez não iria ser saciada a não ser por mim mesma. saí pensando que devia voltar, que aquilo me interessava sim, mas meus atos impulsivos geralmente me levam para lugares bem distantes de onde quero estar, e então saio mesmo de lá e já de volta no carro decido que vou para a casa do saber, lugar onde também havia deixado de assistir a uma primeira aula de uma oficina de texto, ou escrita criativa, cujo nome que não aprecio nem um pouco. aliás, explicando bem, fui na tal palestra porque havia decidido que não iria na aula. mas então quando comecei a pensar. me criticar e me punir, por estar alí a ouvir outros mas não a mim mesma, claro, não me detive por muito mais tempo, e sem esperar or mais um início de qualquer fala interessante eu, bem sei que há aí uma pretensão da minha parte, pois me parece que é no abrir-se para o outro que também descobrimos espaços internos nossos, mas enfim, foi assim que saí e foi também assim que lá em outro lugar folheando novamente livros, como que por uma inexplicável física da atração sou atraída justamente pelo livro daquela escritora e prefaciado pelo texto da professora e de quem ( das duas talvez) sinta apenas uma ponta de inveja ou um incômodo desejo de estar em ambos lugares, lugares que suponho de destaque, e nessas prateleiras onde consta seu pequeno livro de contos, que leio por alto, considero e depois digo como que trocando a inveja pela ambição que é preciso me propor um meio de desafiar a mim mesma. agora faça você, digo eu. e assim, faltando igual e simultaneamente a dois supostos compromissos, esta aula, uma aula sobre o o ofício da escrita, e outra sobre o ofício da interpretação oral na língua inglesa, eu na dúvida do que decidir penso em confiar dessa vez naquilo que lí pelas paredes da escola, uma frase onde leio e outro rapaz quedesceu as escadas também que a busca pela verdade é mais preciosa que a posse dela. então lá vou eu. entre essas minhas andancas pelos espaços da cidade, entre olhadelas e distanciamentos proponho a tarefa de encontrar minha prosa, num jeito de ser que deva ser meu mais confortável possível e sigo nessa busca por outros lugares, como num supermercado no fim da noite, com verduras velhas e murchas e moças reclamando do salário e eu cá entre nós da gfalta de educação e bom atendimento ou uma locadora onde o filme que procura se encontra numa sessão denominada buscas especiais, e que só eu acho graça, e mesmo antes na livraria onde encontro um sofá onde posso ler-me entre livros perdidos, livros encontrados para serem lidos naquele momento de desolamento e tentativa de entedimento. então é assim que respondendo a uma outra primeira aula, aqui penso em comecar o desafio de escrever contos e onde não contei que passei a tarde inteira ouvindo pessoas interessadas em assuntos como redes sociais, coletivos, e estratégias outras de sociabilidade e solidariedade e que entre outras coisas igualmente expandem o mundo da cultura e das noções e funções da arte e que traduzem o humanismo para os dias atuais e futuros e que a minha cabeça estava acelerada e desperta. e que logo depois tive um pequeno acesso de fúria e desconforto, primeiro de ordem pessoal e outro de ordem profissional, e que entre dúvidas mil a única saída encontrada foi justamente esta, gerada pela impulsividade do signo, que era a saída para um outro lugar onde espaços neutros de negociação comigo mesma me acalmassem numa noite chuvosa e mesmo que sem muitas esperanças voltar para a casa talvez fosse mesmo o melhor, sem ter feito a lição, o curso, o conto, a ligação ou que mais inventasse fazer, e esquentar uma sopa e fazer meu pão com tomate sonhando com as ruas da espanha que nunca andei. e me aconchegar e escrever o primeiro conto sobre a série dos supermercados. cada um sendo uma pessoa e suas compras e o modo como entra e sai do supermercado, as escolhas que faz, os produtos que resolve comprar e os pensamentos que lhe ocorrem a cada instante alí. seriam várias pessoas ou a mesma pessoa em diferentes dia, não sei ainda bem. já que como heráclito diz, ninguém pisa duas vezes no mesmo rio. mas que acabou escrevendo pois a estória de dizer o que vinha antes se alongou em demasiado, e não há mais entusiasmo para ele, e quem sabe amanhã. só queria dizer que sinto saudades suas. enquanto subia o elevador, trazia as compras de volta para essa casa vazia. que ela não o queria sem saber que ele seria de novo seu. ninguém ama duas vezes a mesma mulher. ela não se referia ao ex-marido, que lhe incomodava ainda um tanto. mas parecia perceber estar disposta mesmo a um novo amor. era isso o que queria dizer quando na verdade não queria estar fazendo suas compras idealizando companhias ou contos bem escritos, sabia que queria lhe falar.

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