Hoje um artista me disse que seu trabalho é com palavras.
E vc, ele me perguntou? Acho que também faço isso, de uma certa forma, meio timidos os dois, ao tentarem se definir um ao outro. Eu na verdade estou num estado de atenção e muitas vezes esse é o trabalho. Estar presente e trabalhar no mundo, de dentro dele, a partir de evidências cotidianas. Operar instrumentos. Talvez o que eu venha a fazer se inicia também através da palavra, da captação fotográfica, da intervenção do desenho, para usar palavras de ordem que traduzem as ações mais frequentes ultimamente. E também o que é para mim a situação de se fazer arte, a forma de entender. Dizer que desenho só não basta. Mas porque desenho. A leitura, que considero tão importante quanto a linha que corta o papel, muitas vezes é a leitura que me atravessa por inteiro.
O DESEJO PRECISA DE REGRAS ASSIM COMO O PEIXE DO VELOCIPEDE. ( frase no banheiro da casa, e me desculpem, estou sem a referencia do trabalho)
Haviamos acabado de presenciar um encontro com uma artista. Reencontrar a sí mesma através de uma artista que faz um trabalho feito de delicadezas. Como novos sentidos para outras direções, ela propõe uma busca, na beleza do repensar certezas e do se acercar das dúvidas. tudo com atenção e cuidado. Seu trabalho está no "entre", no entre nós, naquilo que definimos como nós e nas cordas ao nos relacionarmos no mundo. Flavia fala de sistemas. Ela faz diagramas e assim propõe a reflexão como uma ética do viver. Ao lidar com os espaços imaginários e perceptivos de cada um, vai abrindo os limites e propondo colaborações, o abdicar de sí para deixar falar o outro. O seu pensar me comove. Seu nome é Flavia Vivacqua.
Estou muito cansada e agradecida, foi um longo e bem aproveitado dia.
Saindo de lá, da exposição "Elefante Branco" numa casa no Jardim Europa me vieram frase e palavras urgentes que aqui escrevo antes que eu me esqueçapara que o estado de atenção se mantenha:
Aceitação.
Estou carente de linhas curvas.
Liberdade é escolha.
Colaboração.
Escolha é liberdade.
E os dois reaizinhos que me deram um a um, na oficina coletiva de pin hole, do papel que havia comprado se transformaram em cafezinho, caldinho de feijão, água, pão integral feito à mão e um docinho recheado com doce de leite.
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