terça-feira, 9 de junho de 2009

paisagens mentais e biografia

andava eu com meus filhos pela alameda santos no sábado, saindo da livraria cultura, quando vejo o andar de duas pessoas que caminhavam em bloco, algo como uma massa pesada movente que para cada passo dado um esforço enorme deveria ser feito.

passam por mim eu muito rapidamente elas um tanto demoradamente. eu com os filhos, o fim de semana, repleta de coisas a fazer, programação e ansiedade intensa pelo corpo. A senhora mal se sustentava, seu corpo todo deformado, encurvado para o lado, cabeça virada, costas encurvadas para baixo, e a enfermeira sustentando aquilo, o peso, a direção, uma pessoa que sofria, um pedaço de gente encurvado sobre si mesmo. A senhora elegante, mesmo assim, andava. Eu tenho essa besteira mas acho elegante a pessoa e uma enfermeira, acho triste e elegante. Eu tenho artrose, mínima, mas já assusta. Se tenho medo de algo, talvez seja de ficar desta forma, talvez seja estar encurvada sobre mim mesma, talvez sem ninguém para sustentar. Quem sabe já não seja assim. Poderia supor que não, que sou livre para ser o que quiser ser. Mas a minha biografia me trai, passei o domingo a me deter em um livro tomar a Vida nas próprias mãos, relendo a mim mesma. A repetição de fatos. As coincidências. As hesitações, as sensações dos dezoito anos, dos vinte dos trinta, e agora dos quarenta. O que fazer disso tudo, sempre estive a ver a vida. Não cabe aqui tudo, pouco espaço e as costas doem. Pilates.Yoga Computador tensiona, minha dor vem daqui, desse confinamento. Poderia supor que sou uma sabotadora, capa da Revista Vida Simples, e eu que entre os milhões de livros, guias de viagem maravilhosos, vou colocar as mãos justamente neste livro Auto-Sabotagem. Quem sabe fazer da viagem uma viagem ( vide Ricardo Freire), na terapia isso soou como um autêntico viajar na maionese, não colou, mas é isso, fica para depois. Ainda estou digerindo tudo o que não fiz e tenho feito da minha vida.




Meu corpo doía (e dói ainda) de uma dor que sinto desde que cheguei de minha breve passagem por buenos aires,ainda conto mais sobre essa viagem. Era eu alí, no balcão, no quarto, nas ruas, nos cafés, nas lojas, nas galerias, nos parques, nas praças, nos colectivos, no subte, nas lojas, nas feiras.Depois conto mais.

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