quinta-feira, 4 de junho de 2009

muro das lamentações

cansei de ser.

como a gente vai perdendo com o tempo umas coisas. agraça, o cabelo, a bunda, o seio, a pele, a manha, a vez e a voz.

é assim quando as pessoas velhas se encolhem. ou os adolescentes. um pouco grandes, um pouco corcundas. aí é vontade demais que não cabe em sí. já um desgosto. quando a gente se apequena é pior que existir. pior que morrer devagar. assim me sinto agora, há um pouco. nada demais. tudo de novo amanhã.


volto pra casa. mais uma vez. sabia. eu te disse, eu te disse, como dizia a motoca do desenho dos meus tempos. como é isso, é o seguinte, voltei porque como de hábito, eu voltava para casa, a esperar e a ser esperada. o desajuste do hábito. mas e agora porque não saio e bebo e danço como a louca assim, minha mãe pergunta sempre se sozinha. claro vou me disfarçando e esquecendo dessa outra que não tem a quem avisar, olha hoje é meu dia, que eu também posso. mas penso que quando teimo em ser feliz o resultado é muito pior. ah preciso assassinar o mundo o que eu quero, dar um sinal mais claro, uma autorização prévia a mim mesma. como disse o escritor, e a escritora também, que da minha dor sei eu, ( preciso citar seus nomes?) e eu bem que me prefiro me lembrar que ela já passou e que eu podia agora sair um pouco de mim. parar de cultivar isso. no budismo é inaceitável esse estado de se autodiminuir, não encontro a palavra certa. ah como eu queria. ser feliz. mas uma felicidade boba, dessas que não saem em revistas nem nada. eu pensava que podia ser assim, a vida. todo essa lamúria só porque. o que. mesmo. porque, assim. eu que fui e eu que vim. mas não queria assim. queria que. nadamesmo ser anônima é um louvor e um saco também.

solidão também passa a ser uma companhia. que merda.

o cara. ele que falou algo assim. eu. que nem o conheço. que não escrevo e que nem te conto. o cara. e eu. as bochechas. verguenza é a timidez escondendo o orgulho.

gente que horrível acabo de perceber que usei idéias que ouví na fala de marcelino freire, vixe maria, me perdoe, já dizia um senhor que foi vizinho de prédio e companheiro do volpi, na arte nada se cria tudo se copia, se era a essência do carcamano, não sei, mas fiz assim.e paro por aqui, deu por hj e sempre.

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