sábado, 4 de outubro de 2008
pequenas tragédias ou confissões amarguradas de um sábado à noite
dizem que o amor acabou e outras desculpas tao mais tolas que só mesmo aqueles que nunca souberam o sentido da palavra e nem buscaram em si mesmos a sua presença podem vir a acreditar neste refrão tão banal que precede todo e qualquer abandono e descuido, o descaso do qual nascem todas as pequenas tragédias vindas de uma separação assim tolamente justificada. Uma delas foi a perda das imagens, não tenho mais álbum de fotos, desde que só conseguia captar algo que não queroia mais registrar, a minha tristeza, meus filhos crescendo à deriva, a perda de referências, valores e estrutura, ausência do marido. Rancor fora de moda? Muito ressentimento , confesso simplesmente, ou somente a vontade de colocar as coisas em seus devidos lugares. Onde está o cuidado com o outro ( que outro se a cada dia a ausência do outro é cada dia mais sentida vide tamanha necessidade de químicos que nos reponham alguma sensação de completude)? A tolerância e o cultivo das delicadezas, moedas ainda mais raras em nossos tempos, apesar da quantidade enorme de propagandas de casais felizes, leves e soltos ( ou será por isso mesmo tão necessárias?)são assuntos somente de psicólogos, ou nos poucos religiosos que ainda conseguem ter voz ou serem ainda ouvidos. Separar aquilo que se deve separar e unir aquilo que é necessário, isso sim nos proporciona paz. Claro que me casei e me separei da forma mais cruel possível, e ainda vivo destas feridas abertas, mas e por isso mesmo tenho refletido como nada mais é assustador hoje em dia, como a crueldade se tornou mais que banal, e por isso o que tinha de precioso na minha vida se desfez tão fácil e foi tão falsamente esquecido, remodelado, logo já veio a outra ( ou a clássica mesmo antes?), óbvio, mais jovem, mais isso e mais aquilo, até os filhos comentam a novidade do pai. Canalhice? Nem pensar, afinal o que conta é ser feliz, bem feliz de comercial de margarina, acho que é por isso que sempre rejeitei a margarina entre outras coisas vendáveis. Sim, talvez o amor tenha mesmo acabado. Talvez esteja sendo reconstruído em novas bases, nos melhores casos. Porque o amor é algo que renasce, se cultiva e se transforma, não vem da facilidade mas da dificuldade, da dificuldade da convivência, da troca, é daí que se inicia a busca que proporciona o entendimento, é isso que nos faz ir atrás de um caminho em que existe verdade, não é como trocar de roupa, de casa, de mulher e de marido, ela vem da persistência, tem algo do resíduo do tempo, da consciência. Coisa também bem rara, não se vende por aí, como tudo, exige um pouco mais de nós, ou talvez ainda o único senão que nos sobre em pouco tempo.
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