domingo, 31 de agosto de 2008

sem nome

os óculos quebrados me pertencem mais que meus olhos. estranho foi me ver com as lentes de contato sem aquela negra moldura ao seu redor. no espelho não me reconheço, na rua os outros não me sabem, as crianças não mais acreditam em mim. até minha mãe sugeria um desconforto ao encarar minhas profundas olheiras e magreza frente ao desnudamento dos olhos, pequenos, míopes e um pouco estrábicos. nenhum charme. eu devo mesmo existir, então ponho de volta a armação quebrada a haste pendurada e torta e assim vou, na busca passo a passo de recuperar objetos e afetos perdidos.não tenho mais nome completo, sou agora uma abreviaçao mais uma vez, PATRICIAB ou PATRICIAK, tenho filhos e não tenho filhos, sou e não sou, a nem artista, nem mãe, ou talvez ainda pior, uma vez artista, outra mãe, há uma fenda enorme, uma separação dentro de mim, que oculto e constato a todo instante. E é alí que me reconheço, na falha, na falta. Sou o vazio a ser preenchido.

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