domingo, 31 de agosto de 2008

sem imagem

havia aqui escrito o texto que se apagou.

fui buscar a receita para meus olhos. no consultório de meu irmão, a continuidade de um percurso familiar, ele que segue a profissão do avô
e do pai, ocupa com a semlhança de nome e sobrenome, um lugar e história que se refaz ilusoriamente como nova. e eu alí, procurava mais que nada, encontrar vestígios de uma memória por demais apagada, do caminho da infância, a estrada para uma fazenda que já não nos pertence mais, o ponto de retomada de um eu perdido no tempo. a inutilidade da minha presença para a família. a incômoda pergunta. passo, no entanto, curioso sinal, pela estrada já no escuro e mesmo em meio a viva conversa com a companheira ao lado, estudante de artes cênicas, adolescente como eu quando me perdia numa crise ainda insistente, eu sabia por cada curva da estrada que já haviamos passado a entrada da fazenda. Soube depois pelo meu irmão que tudo estava absolutamnete igual, até mesmo a placa pintada um dia por meu pai, com pincel e tinta a óleo, talvez na pretensa economia de um pintor, nunca se sabe, talvez na medida do seu afeto, a placa escrito fazenda seis irmãos, mesmo agora, depois do falecimento de nosso querido irmão, desconhecimento e prova de que o proprietário atual não habita neste lugar que um dia e ainda agora habita nossos corações.talvez isso, a sua existencia fazia sentido para o lugar do outro, alí a família se reverberava em muitas outras se refazia em espelhos para o mundo, não se perdia no tempo e espaço como agora ainda.

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