Minhas plantas . Meu tomilho não resistiu ao calor dos dias sem água e seus caules finos ressecaram. Agora não tenho mais o vigor do seu aroma, mesmo que pouco o usasse, e muito me agradasse vê-lo tão verde e vivo e tão cheio de sí. O que tenho agora para a sua cura? Sua secura me olhando de frente como um passo para a minha cura. Afinal, saí de mim também, precisava buscar essa vontade de cura, mas descuidei, por outro lado, de uma outra parte de mim também, feita de sutilezas e intimidades. Esses sentidos que as plantas guardam, como se existissem para nos fazer lembrar.
A flor de maio, que depois de anos brotou, com quatro brotos de flores, resistiu, como vinha resistindo há tempos. No entanto, dos brotos que apareceram somente três floresceram, em tempos diversos, sendo que o quarto ficou à espera de cuidados. Fui viajar e esse broto ficou alí preso ao caule, não ávido por crescer, ressentido, talvez. Ao voltar, vejo ele alí e percebendo a sua fragilidade e assustada e me perguntando qual seria a sua chance, molho a planta um pouco afoita antevendo seu fim e escorregando minhas mãos por ele, que vejo se soltar assim, mesmo sem abrir, no chão frio e sujo. Ele, natimorto, sem saber.
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