quarta-feira, 25 de agosto de 2010

primeiro as unhas, depois eu mesma.

pintei finalmente as unhas. elas ficaram verdes sereia, o nome da cor, um azul esverdeado, tom pastel como a minha pele. segunda pele. ô mãe, em explica me ensina, como é ser menina? não é no cabelo...no olhar, é ser menina por todo o lugar. na música joyce cantava enquanto eu também e sempre me perguntava. até que resolví experimentar. convencida de que na música e na arte a coisa era sempre mais linda, desde o dia que ví joyce em pessoa com sua filha. ela em crise, a mãe artista, eu heim, na música era mais bonita. um pouco, sempre os dez por cento, que é o que experimento da vida. como se adiasse a luz maior, mas não é mesmo assim? não, bobinha, não é não, eu aposto que não. e eu sei, sei quando estou inteira e aproveito tudo, e como é raro, e geralmente secreto, redondinho mesmo, como um gozo completo, sem nada a dever, nada mais a fazer, e é tão raro isso. mas enquanto isso eu vou gostando das minhas unhas verdes. vou olhando pra pele e descobrindo o claro dos dias, como eles podem ser diferentes, surpereendentes, mesmo que não sejam, rotina que nos guarda e nos mata. mas elas, as cores pintadas, trazem um pouco da cauda da sereia, a menina que eu sou. pequena sereia. e mesmo que a sobrinha tenha pintado igual, ou por isso mesmo, procuro desvirar a criança pra fora, supor me capaz. todas essas meninices de mulherzinha que eu adoro e escondo (tanto, tanto). um dia quem sabe. adoro julia roberts e me importo com coisinhas à toa. o pai. vou aplicar sessões seguidas de reiki nele. mais uma disciplina minha que eu aguardo entender, na procura de me doar eu então me dou um espaço, talvez eu caiba alí neste entre, neste pequeno vazio que procuro abrir. que ele nem percebe. ou sim? me agradeceu ele. mas saí correndo para ir ao cinema, escutei um elogio, mas eu era dura e dura. queria a coragem de simplesmente voltar pra casa. e ele quer fazer um blog, mas eu quero adiar isso, é besteira meu pai, anunciação de sí esta mais pra dentro. ele que já escreve, e compartilha poesias para familia entediada. agora vai se abrir pro mundo, e eu acho que não quero. vou perder o pai só pra mim. bobinha. vou me fazer de bobinha. não vou. vou.

quero dizer, a escrita é mais adiante disso,é justo quando eu desligo a tela e ela vem vindo solta no meio nos dias lentos ou corridos. não está no blog. mas está no ar. chega de pre definições. vou escrever, finalmente.


ela diz. ela pensa se dissesse seria mais convincente.pintei as unhas. sim. que cor? verdes azul dacor do mar.como na praia de águas limpas, lembra? eu vou. onde? pro mar, preciso flutuar um pouco. saber que meu corpo está, que minha cabeça não comanda, que eu posso me deixar.

as pessoas se vestem com aprumo. senhoras e meninos penteiam seus cabelos. outra coisa: deixar de lado a autocomiseração, uma meta . isto é desagradável, ela sente, esse mal estar de sei que a sí mesma cabe e mais ninguém. usa os outros e depois se lamenta que eles a desprezam, ou pensam assim, alí é demais de complicado, melhor eu ir, coisas a fazer, você sabe. e se despedem. mas também fazer da vida um tempo menos perdido, e por outro lado na contradição da coisa, para tal, saber perder-se no tempo. voar mais alto. ir adiante, além, peixinhos coloridos, que são a mistura de marido com dolorido, com pedrinhas no sapato, com dizeres e desafeto, com beijinhos de amigo, com barbas no retrato, com supostos amores de fato, nunca experimentados, nunca experimentados, somente sonhados ( o pai diz assim, somente que, e ela acha graça dessa fala antiga, de antes de quando não sabe, não sabe de nada, burrinha que só ) com batatinhas rolando pelo colo do cunhado em jantar de família. e a irmãzinha menor, atenta, analisando, ele fala mais alto que o senhor pai, não deixa, não deixa, e ele deixou, que pena, alí desautorizou-se, quem sabe e por que, mas já desde o início e assim foi que o cunhado de olhos tão verdes, apoderou-se do que não era dele, alucinou-se de sí e acovardou-se, já bem tarde, ou mesmo antes. nuca se sabe quando as coisas começam. mas já era assim. e assim é. a batatinha no colo e ele olhava para mim, enqunato sorria pra cima da mesa, dizendo assim, qualquer coisa fica quietinha, eu sei que você sabe, mas as aparências, as aparências.

deslumbrou-se com a vida já muito tarde. estariam todos mesmo errados? mas isso não seria possível, segundo a ordem superior, estariam todos emaranhados, desenrolando-se de sí. talvez isso. sim.

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