volta pra casa. descansa tuas asas e busca o repouso. e ser assim. inconstante como a dor. compro o sorvete de chocolate para que eu me esqueça dele no momento seguinte. O mundo é uma idéia e é tarde. é preciso acordar cedo e caminhar. depois escrever. eu faço compras no meia da noite e acho isso bom. de certa forma eu vago entre as prateleiras, usufruo dos macetes fetos para ludibriar consumidor descaradamente. faço propaganda de mim mesma, e abuso das pegadas psicológicas, entro nos chocolates assumindo uma grande carência. quando a lua ainda descansa eu comprei o pote de sorvete porque eu achei ele tão triste no desmundo de sí e as coisas lindas que ia lendo enquanto o carrinho deslizava me deram asas tão rápidas que ao chegar no caixa, percebí que n a minha lista de produtos básicos algo estava bem e assumí ser mesquinha de mim mesma, quando saio ao lado, perguntando pro casal na rua que me pediu qualquer coisa quando entrava no supermercado. e fui alí, quase me sentindo em família, e aí o que você falou mesmo?o que você queria? e ele, uma lata de óleo e açúcar, ou acúcar, ele retificou, não pedia dinheiro, mas espécies, comidas que temos em casa, quando temos casa. Voltei e comprei o óleo e me lembrei que talvez eles quisessem mais à noite um macarrrão instantâneo, para quando chegassem em casa, acrescentando mais uns para mim mesma e percebendo que eu me dava uma chance de compartilhar. e fiquei feliz qunado ví a alegria da garota. porque o desejo deles seria diferente do meu? não quero me vangloriar da bondade mas ela me faz um bem enorme, é como uma lembrança da natureza que sou, e que dá a maior felicidade. e no supermercado um moço me acha linda e eu fico surpresa. então confirmo a pergunta, confirmo para me assegurar do descompasso entre o que sou e como sou vista, há mundos diversos e então começo a achar que a lindeza é o delicado da conversa, o começo de tudo, entre o que penso ser e o que posso ser. coisa ad infinitum. e a conversa foi boa e ele nem sabe, gostei dele também muito antes. mas gostava de mim antes ainda, eu insisto e comeco a competir com um inimigo que eu já criei, o gosto do outro por mim. porque o que não gostei do gosto foi desse óbvio do lugar comum, porque sim, há pessoas adjetivadas demais como eu e você, não sei se ele me entenderia, mas gostaria de uma companhia singela para coisas que começo a viver e querer. mas seria ingênuo dizer. seria perigoso supor que a felicidade sonha com ilusões que já não resistem mais. talvez ele ligue talvez ele não me ligue mas nada disso importa quando eles se embaralham todos na minha cabeça. não sei pode ser que eu e ele também não tenhamos sido mais que atraídos,e o que se faz com isso é onde outros sentidos começam.
porque o que pensava antes eram que aquelas palavras tocaram como luz inteira, um fulgor que me fez presente e distante. ao ver um sujeito inteiramente descompromissado com éticas outras que da lógica do mercado, não fazendo parte desse jogo. juliano pessanha me faz lembrar da pessoa que existe sem saber. que não escreve para explicar assim como escrevo para aquilo que insiste em perguntar. e é tão bom esse lembrar. ele me tocou num ponto diferente da beleza. e a beleza do outro é ser aquilo que me tira desse lugar onde imagino dominar e conhecer. um lugar que ainda não consigo habitar.
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