terça-feira, 27 de outubro de 2009

incoerências e impasses

para trabalhar em uma editora preciso de uma formação em letras ou jornalismo. para trabalhar nas oficinas preciso de ter uma formação em certas especificidades das artes cênicas. para fazer uma oficina no mis tenho que ter certos pre-requisitos e conhecimentos. para trabalhar com produção tenho que ter tido uma experiência prévia com produção. para enviar uma corrente preciso saber para quem mandar, escolher a dedo aquelas que não atirarão pedras sobre mim, pois aquelas que creem na força do trabalho e não nas crenças católicas são quase que precisamente as opostas das que na verdade deveria entrar em contato para assuntos de trabalho. e se faço um pedido de trabalho na propria corrente vou enviar para as pessoas erradas a mensagem, pois essas são familiares próximos ou distantes que nada podem fazer por mim a não ser deixar ainda mais evidente a situação de passividade em que se encontram. por fim, percebo que a vontade vem muitas vezes acompanhada da descrença irônica mas é e essa mesma descrença por sua vez que pode por outro lado abrir portas para a esperança. então abro o i-ching, e ele aconselha a modéstia como o caminho para o sucesso, nessas situações arrogância e excesso não são benéficos, aprendo e concordo. afinal, não tenho mesmo anos dedicados a mais nada que o conhecimento de posicionamentos em artes, literatura e áreas afins. Minha formação foi em artes plásticas, mas parece que isso conta até um certo momento da sua vida. Depois, acaba sendo a vida mesmo que conta e talvez também não resolva muito mesmo continuar escrevendo nesse blog. E o que seria o resolver, dar por solucionada uma situação aqui colocada seria como ir ao cúmulo de um absurdo já que a inventei para preencher horas de desespero ou mutilação por mim mesma inventadas. Bem, talvez seja melhor fazer um café. E isso, quando me dou conta, também não é assim, como apagar palavras e acrescentar outras, o café acabou, vou ter que sair para esse mundo simples que me espera diariamente com obrigações a cumprir e do qual parece que estou excluída ou me excluo, como queiram. Então imagino que saio para comprar o pó. mas antes há o banho e a manhã vai passando. Então adio o café, pode ser um chá afinal, assim adio a saída mais uma vez, todas as vezes como é de costume. E o chá com leite, foi bom até, lembranças de uma viagem a Buenos Aires feita há tempos feitas com uma irmã mais velha e meu irmão que não mais está aqui, onde pela primeira vez lí num cardápio o escrito" té con leche" e dos passeios que não fiz e que voltei para fazer anos depois e das livrarias que me imaginei entrando e que quando retornei não as encontrei, talvez uns sebos fossem o mais próximo daquilo que imaginei mas mesmo assim e agora embaralhando as linhas, entrando no que estava escrito antes com esse agora retomado e sem paciência para estratégias vou ao que considero ser o mais simples, talvez me deter num nada mais que o presente ( do premente - antes_ para o presente-agora-, vou postando vezes seguidas, trocando letras e modificando palavras sem me importar se alguém digamos assim havia entrado num minuto anterior no blog e lido, premente, o que seria bem interessante, contrastando com este que agora lê onde está escrito presente e assim com a troca de uma letra transformo o sentido que do havia pensado em dizer antes e constato uma melhora possível ou somente um outro sentido desejável ) e ao pó que um dia espero retornar, pois voar ao vento parece ser melhor e mesmo fácil. por isso me encanto com sementes que voam envoltas em sedas orgânicas e transparentes e se encaixam em buracos ou fendas e aposto também como minha mãe sempre pedirá para que eu não seja dramática, como esses excessos de sentimentalismo se supoem generosos e por vezes são a mais alta demonstração de um egoísmo sedendo de compaixão pelos outros, eu, minha filha, não se faça de vítima e eu concordo com ela. eu como ela, ela como eu, assim espelhadas lado a lado, corpos neutros que não se distinguem, e entendo que matar pai e mãe simbolicamente devam ser uma das tarefas mais difíceis do crescimento, ainda que,e apesar de tudo, devamos respeitá-los e amá-los do fundo do nosso ser e creio que esse talvez essa outra questão possa também dar a desmedida /a medida do excesso, e não do sucesso. pois as mães parecem ter sempre razão, mesmo quando não tem razão alguma, pois há alí sempre uma falta de explicação justificável, já que mesmo quando não sabem as mães erram pelo melhor dos seus erros, e erram desmedidamente, descabidamente se arrependem e tem em sí as mais singelas e verdadeiras faltas assim como de explicação para tudo que não alcançam mas sabem que essas coisas existem e cuidam delas ainda assim, e o egoísmo seria a fala sem coragem de errar, que é a máxima falta e que é a que eu cometo. odeio mães cheia de dedos. por isso também as mães sempre se sentem e são as culpadas. foi um prazer, meus queridos filhos, nunca ocupei tal posição de poder em toda a minha vida, e disto também tenho medo.


não gostaria de tirar mais as noites do seu sono, da mesma maneira que preferiria também não ter mais pesadelos todas as noites. ver meus olhos sendo costurados, e as imagens que retornam no meio do dia, enquanto abro a porta dum carro ou executo outras tarefas cotidianas quaisquer, me recordando que há escapes para outros lados mas que essas válvulas de escape não trazem conforto ou alívio.

e agora vou ligando memórias. o escafandro e a borboleta. meu pai oftalmologista. olhos sendo costurados abrem as portas para o interno. a fala e a impossibilidade de comuninação. sinais alternativos. acaba o filme. pego meus panos brancos recortados para depilação e ponho em meus olhos e me deito. vou vedando a visão do mundo externo. um minuto de desespero brutal, como a imposição do silêncio quando se quer gritar. gemidos. meditar é tarefa de insanos. escrever um pouco menos, talvez. ou não, como diria caetano.

de agora em diante, serei humilde e confiável. disse isso antes, bem antes.

esse deve ser o excesso. muito provavelmente. então preciso de um emprego. algo muito simples. as horas sendo contadas e pagas. ser útil ao mundo.
terei eu sido eu útil em meus questionamentos? e principalmente estarei sendo útil a mim mesma? porque você não foi você mesma, ouví dizer que essa é a única cobrança divina. não há culpa ou pecado, mas há uma missão a cumprir.

o que fazer? ou melhor, o que não fazer? questões não levam a lugar algum. questões não levam a lugar algum?

me lembro justamente de como me deliciei ao ouvir no simposio de artes que o artista é aquele que continua a fazer perguntas ao mundo. então acabo de afirmar tudo o que havia negado.

talvez eu seja um moto perpétuo, uma maquina que potencialmente existe para a confirmar a negação de sí mesma. máquinas que se auto destroem. tinguely. bem, mas ele as construiu, diz a pequena vozinha.

ou beckett. que escreveu sobre o grau zero da linguagem. no grau zero da linguagem. o nada. esperando godot. o primeiro amor. eu,não.

como a última frase que escutei do último emprego que tentei. meio em tom de brincadeira. o que você estava esperando?

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