Botei a sapatilha nova eu e meus pés finos e brancos femininos enfim. Apenas vestí e depois deixei na loja para pegar depois, uma desculpa porque o que importava era aquela hora, eu precisava me sentir mulherzinha, dizendo para mim o que deve ser comum e banal para uma vendedora de sapatos. Ela mesma não entendeu. A felicidade ainda não chegou. O choro e os nós ainda persistem e há dias eu deixo ir se instalando uma dor no peito que nada faz crer que o mundo pode melhorar.
Uma vez entrei num brechó e vestí um salto enorme para sair pela rua e me sentir outra, como fazer a coisa mais corriqueira, entrar numa quitanda de bairro e comprar cebolas, assim do alto, como quem não faz contas pequenas. foi bom.
Cheguei na casa da minha mãe, abrindo a porta para surpreender, mas logo depois tirei a sandália, aquela persona não poderia durar muito, poderosa demais, demasiadamante tranquila pisando sobre os outros? Achei que a sandália era simbolicamente o que uma irmã representava para mim, e ainda não entendendo bem porque abro mão de pequenas fantasias possíveis, ao ver minha irmã sentada na poltrona da minha mãe, dei a sandália para ela.
estou abaixo da linha da pobreza, no estado de calamidade pessoal.
pés nos chãos descalços, um outro movimento, chão terra, naturalidade, corpo.
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