domingo, 3 de agosto de 2008

vestal

vestígios de mim mesma


Com o pedaço de pano branco, dei a volta no meu corpo e fiz a vestimenta. Enrolei sobre meu peito e torcendo ao meio fiz algo que sustentava meus seios, amarrei ao redor do pescoço e me tornei mulher. Hoje eu tinha que ficar bonita, era domingo, o dia nublado e o desejo de saber que se uma vontade em mim. Faltava ainda a parte de baixo, eu precisava de uma saia, e me lembrei da blusa muito fina e delicada, que estava guardada. Fui lá, e a coloquei como uma saia baixa, enrolando bem abaixo da cintura, que era onde ela cabia. A prova do que queria estava lá em frente ao espelho, ver meu corpo modelado por mim mesma, algo narcíssico, mas algo também muito íntimo e sereno. Ser mulher, ser feminina, em que momento estas coisas viraram tabus para mim, porque considero futilidades proibições para mim? Eu preciso desse ser mulher, neste exato momento, talvez seja um novo ar em que eu respire. Deve ser bom fazer teatro, eu penso, poder experimentar ser todos os tipos de pessoa numa vida só. Usar botas coladas às pernas, as saias mais curtas que se pode imaginar, as roupas mais austeras, ser o homem, ser o menino, a menina, a mulher, a dolescente a outra e você mesma se desdobrando em mil pessoas.

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